sábado, 7 de julho de 2012

O amor também cura

Desde que lí este texto da minha amiga Carla Cristina Montoro, tomei a decisão de postar na íntegra neste blog. Além da história fantástica, as palavras estão carregadas de sentimentos de uma pessoa que viveu de perto o "milagre" curativo de conviver com um cão. Vale a pena ler e comentar....


Desde que me conheço por gente sempre amei cães! Mas quando o Slink entrou na minha vida, eu não esperava ter um cão. Morava em Campinas com mais duas amigas e uma delas odiava cachorro! Tinha duas cadelas na época, que haviam ficado aqui em Limeira com meus pais.


Mas num domingo, a irmã de uma das meninas que moravam comigo resolveu vir almoçar com a gente e trouxe o Slink para ser deixado numa feirinha de adoção, meu Deus, pensei como alguém pode fazer isso? Mas ela tinha 2 crianças pequenas e um cão bebê estava trazendo alguns problemas pra ela, enfim, não julgo, mas nunca conseguirei entender.
Eles chegaram, e no momento em que eu olhei para aquela bolinha de pelos brancos, olhos azuis e nariz cor de rosa, me apaixonei a primeira vista! Era um poodle albino! Lindo! Foi aí que meus problemas começaram... Não podia deixá-lo ir embora da minha casa, mas tinha a outra menina que morava comigo que não gostava de cães (como pode isso?), chorei horrores, até que ela resolveu aceitar, mas como muuuitas restrições!!!! Ele só ficava dentro de casa se fosse no meu quarto ou quando ela não estava em casa. E assim, aquela bolinha de pelos se tornou o amor da minha vida, enchendo meus dias de alegria!
Porém, eu na época, trabalhava o dia todo e fazia faculdade a noite, ele tadinho, ficava a maior parte do tempo sozinho... Isso me torturava!
Foi então que aconteceu um fato que marcou demais a minha família, tenho um irmão especial, hoje com 23 anos, ele tem deficiência mental e epilepsia, mas sempre levou uma vida tranquila dentro das limitações dele, acontece que de uma hora pra outras, ele simplesmente parou de comer! Parece que ele tinha desistido de viver! Procuramos todos os médicos, igrejas, crenças, benzedeiras, enfim, tudo que as pessoas desesperadas fazem por amor! E nada deu resultado algum, eram idas quase diárias ao hospital pra tomar soro, ele foi ficando cada vez mais desnutrido, sem reação, hoje quando vejo fotos de crianças morrendo de fome na África, vejo o retrato de como meu irmão ficou! Acho que não existe coisa pior do que você ver uma pessoa que ama morrendo e não poder fazer nada.

Fiquei numa situação em que não tinha condições nem de trabalhar, pedi férias e fui de mala, cuia e cachorro pra casa dos meus pais! Foi aí que as coisas começaram a se resolver, o Slink virou o melhor amigo do Vinícius e tenho certeza que foi a presença dele que fez meu irmão voltar a querer viver! O Slink era um bebê (aliás é um bebezão até hj!), elétrico, cheio de fazer gracinhas, brincalhão e isso começou a despertar o interesse do Vinícius. Quando ele começou a reagir, foram dias muito difíceis, pois como ele ficou muito tempo sem se alimentar, o organismo consumiu tudo o que ele tinha inclusive os músculos, então ele não conseguia andar, segurar as coisas nas mãos, tínhamos que alimentá-lo por uma seringa, mas mesmo assim, ele com a maior dificuldade queria pegar a bolinha pra jogar pra ele buscar, sentava na cadeira de rodas e queria o Slink no colo dele!  E é assim até hoje! Mas sem cadeira de rodas! Pois apesar de terem ficado algumas sequelas, hoje ele voltou quase 100% ao normal!
As coisas se ajeitaram, eu voltei pra Campinas, fiquei lá por vários anos ainda, mas o Slink ficou com o Vinícius, se eu senti saudades? Chorava todos os dias! Mas meu irmão precisava dele mais do que eu e esse foi o meu presente pra que ele pudesse ser um pouco mais feliz!
Mas vou lhes contar uma coisa, mesmo ficando anos sem conviver com o Slink, o amor que ele tem por mim me comove todos os dias! Estamos juntos a 8 anos e às vezes peço pra Deus que se descuide e deixe que ele seja eterno! 
Meu amor, meu herói, que cuida de mim e salva minha família todos os dias!
        Carla Cristina Montoro

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