domingo, 10 de abril de 2011

Palestra sobre o processo de humanização com a equipe e os voluntários do INATAA

(Equipe INATAA comigo, inclusive os cães)

Desde que recebi o convite do INATAA (Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais) para falar sobre humanização, comecei a fazer um resgate histórico sobre esse assunto (como sempre faço) e me remeti a buscar e tentar entender uma espécie de Elo Perdido:
Em que momento, ou em quais momentos, ou ainda mais profundo, qual o processo em que a humanidade passou a se desumanizar, a peder suas características animais e seus instintos básicos de sobrevivência e de convivência em grupo.
Isso me levou um pouco longe e abordei temas como as grandes guerras e o massacre nazista, onde os "arianos" sofreram um processo de desumanização para cometer as atrocidades com os judeus e outras minorias, que por sua vez, tiveram sua humanização dilacerada por tais atrocidades. As ditaduras na América proporcionaram o mesmo processo, assim como a escravidão. Dessa forma, minha reflexão flutou sobre a lógica da dominação, onde dominador e dominado se desumanizam, e os paises neoliberaris imperialistas continuam fraturando o processo democratico e humanizador de paises mais pobres, impondo seu poderio econômico, militar e cultural.
A revolução industrial também contribuiu com seu modelo individualista e consumista para separação das pessoas de seu proprio modelo de reflexão e sentimentos. O processo se limitou a fazer a sua parte e o produto final, escapuliu na história. A multidisciplinaridade imperou, quando possível ,e a interdisciplinaridade e a visão holística do homem sucumbiu.
A desumanização veio se enraizando dentro desses grandes processos históricos e tomando conta de fatos um pouco mais isolados, mas que também proporcionam isso. Cabe a nós animalizar as relações.
Animalizar? termo forte....mas fundamental, somos animais, precisamos viver em comunidade, expressar nossos sentimentos, nossos rituais, nossos instintos de preservação da espécie como proteger um igual, alimentar, proporcionar aquecimento diante de um dia frio e muito mais.
Bingo! é preciso animalizar para humanizar e ai tomamos um baile dos cães, em especial os terapeutas (ou co-terapeutas). Levar o minimo para as instituições é iniciar um trabalho de humanização. Citei o exemplo de um idoso institucionalizado, que durante toda sua vida teve um cão, era uma rotina, rabinho abanando toda vez que a porta era aberta...privar esse idoso dessa imagem é uma atrocidade. Crianças brincam (em sua fase peculiar de desenvolvimento) o tempo todo, aprendem assim, ensinam assim e se comunicam assim, tudo é uma brincadeira, hospitalizar uma criança e privá-la de brincar é desumanizar...
Finalizando, a presença de cães, a arteterapia, a musicoterapia e a presença de palhaços é um avanço enorme no processo de humanização, é permitir com que esses humanos, provavelmente em uma situação de fragilidade e sensibilidade, possam sentir livremente e expressar aquilo que sentem. Mas é possível ir mais além, a democracia participativa nos permite ocupar espaços políticos onde esse tão sonhado processo de humanização seja discutido de forma democrática e deliberado, por exemplo, dentro dos conselhos.
Por favor, se um dia eu estiver do outro lado da ponte, eu quero um cão no meu colo e um pincel na minha mão.

(Eu e Paraná)

Muito obrigado aos mais de vinte membros do INATAA que estavam presentes e aos 14 internautas que acompanharam ao vivo pelo Blog.
A primavera jamais será detida!